Manipulações, atribuição de culpa, cobranças intensas, chantagens emocionais. Essas são algumas das características de um relacionamento que vive sobre as regras de jogos emocionais, capazes de gerar na pessoa envolvida a sensação de se estar preso em um lugar com poucas opções de saída. Nesse tipo de relacionamento, sobrecarregados por instabilidade, a única constante é a inconstância. Afinal, como saber se você está preso a um jogo psicológico?
Recentemente, produzi uma transmissão ao vivo no meu perfil do Instagram (@psimichellebranquinho) sobre esse tema que envolve um número expressivo de relações, que atinge mais pessoas do que podemos imaginar. As consequências podem ser graves para o seu relacionamento, desde o afastamento entre parceiros, até ciclos de isolamento, perda de intimidade, confiança e conflitos constantes. Prossiga com a leitura deste artigo para entender as causas e possíveis soluções para esses jogos emocionais. Vamos para o primeiro tópico?
O que é um jogo psicológico?
Você já ouviu essa expressão? Esses jogos emocionais não são observados apenas em relacionamentos amorosos, podendo ser recorrentes em ambientes de trabalho, nas relações familiares e até mesmo nas próprias amizades. Em muitos casos são feitos de forma sutil, com sinais que podem ser vistos até mesmo como normais em um relacionamento. É importante destacar que em alguns casos, principalmente quando envolvem agressões verbais, comportamentos agressivos e descontroles emocionais, podem ser sinais de casos mais graves, como os observados em relacionamentos abusivos. O propósito deste artigo é focalizar os casos de menor impacto, em que não se verifica a ameaça de violência.
Os jogos seguem um padrão repetitivo de interações, podendo ser conscientes ou não. Em geral, o jogador busca pela sensação de controle, de sentir-se atendido e valorizado a todo instante. Observe a seguir os tópicos que ilustram algumas das situações mais comuns:
- Chantagens emocionais a partir do não recebimento do que se deseja;
- Hábito de culpar pela frustração das suas expetativas e anseios;
- Ameaças de colocar um fim no relacionamento quando o parceiro não o atende da forma esperada;
- Cobranças excessivas e expectativas inalcançáveis;
- Vitimizações e acusações;
- Discursos que o fazem sentir-se inadequado, insuficiente e errado em todas as situações;
Quais são as principais causas?
Quem vive dentro de um jogo emocional parece estar sempre abrindo mão de algo, mudando suas prioridades, fazendo exceções. Pode se tornar comum a escuta de frases como: “Você não me ama?”; “Por que você nunca demonstra que sou importante?”, ou ainda, “faturas emocionais” que parecem sempre mostrar registros do passado, expressas em cobranças e acordos.
Será possível encontrarmos algumas causas que auxiliam na identificação da origem das ações assumidas pelos “jogadores”? Separei algumas das que mais observo em meu consultório:
- Atitudes observadas nos relacionamentos dos próprios pais e absorvidas como padrões de relações;
- Dificuldade em lidar com a intimidade requisitada por um relacionamento e vê alternativa na criação de “capas” e barreiras emocionais;
- Necessidade de receber atenção e de se colocar no centro, ainda que seja por meio de conflitos e discussões;
- Dependência emocional dos parceiros exibida na necessidade de criar vínculos de controle e mecanismos contra o que percebe como indiferença;
- Problemas com a própria autoestima e insegurança em relacionamentos;
- Os jogos podem ser usados para camuflar conflitos e problemas nos relacionamentos;
O que fazer se estou preso a um jogo psicológico?
As consequências do prolongamento de jogos psicológicos nos relacionamentos podem criar sérias barreiras emocionais, conflitos constantes e prejuízos para a própria autoimagem da parte que está sobre a influência dos recursos de controle e manipulação. Uma vez que você já identificou os sinais, o que pode ser feito? Ou ainda, como saber refletir se você mesmo não pode estar sendo o autor de tais jogos? É o que pretendo responder nas listas a seguir:
- O jogo está sempre a serviço de determinada finalidade, por isso, comece com o questionamento: o que está impulsionando esse jogo?
- Aceite as suas próprias vulnerabilidades, não assuma a posição que visa carregar todos os problemas sem pedir ajuda;
- Não assuma uma posição de vítima, mas procure ajuda para romper com o ciclo de repetições e manipulações;
- Posiciona-se como uma figura ativa, capaz de estabelecer limites e de fazer imposições coerentes com seus valores e princípios;
E se eu for o autor de jogos psicológicos?
- Caso se reconheça como autor desses jogos psicológicos, questione a sua necessidade de controle e de autoafirmação;
- Procure identificar os padrões que observou durante a infância e esteja disposto a fazer transformações nas suas concepções sobre os papeis em uma relação;
- Pense antes de agir: entenda a individualidade do seu parceiro (a) e esteja disposto a ceder diante de diferenças de opiniões;
- Reveja ações autoritárias, busque permitir espaços para diálogos e pratique a sua escuta atenta com mais constância, o relacionamento deve abrigar as necessidades de ambas as partes envolvidas;
Após a leitura deste artigo você já possui o conjunto de informações necessárias para reconhecer a presença de jogos psicológicos em seu relacionamento, trata-se de uma temática extensa e que precisa ser observada com atenção.
Caso queira prosseguir com seus estudos sobre jogos psicológicos, recomendo a pesquisa do conceito de “Triângulo dramático”, desenvolvido pelo Psiquiatra norte-americano Stephen Karpman. Acesse o meu perfil @psimichellebranquinho caso deseje ter acesso a mais conteúdos sobre esse e outros assuntos centrados em relacionamentos amorosos, além de, caso preferir, me mandar uma mensagem para me dizer se este artigo foi útil para o seu relacionamento.